Das amigas para o Rui
Virgínia Alves, Alfredo Cunha
O Rui não consegue segurar uma caneta. As suas limitações físicas impedem-no de fazer um simples risco com um lápis. Limitações quase eliminadas com um projecto desenvolvido pelas suas colegas da Escola EB 2,3 do Cerco do Porto, ao criarem uma caneta especial que Rui Almeida já consegue manusear.A caneta foi pensada e executada durante o passado ano lectivo, inicialmente por três alunas e um aluno (que já abandonou a escola) do 9º ano de escolaridade da EB 2,3 do Cerco, integrado no Projecto de Área Escola. A iniciativa educativa implicava a passagem pelo Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica (CATIM), onde existe o curso "Pense Indústria"."O desafio era desenvolver um produto inovador e útil. Era necessário criar o projecto, realizá-lo, dar-lhe um nome e apresentar ao mercado", contou, ao JN, Bruna Lopes uma das alunas envolvidas no projecto da caneta."As primeiras ideias foram muito fúteis, sem qualquer interesse e nada contribuíam para o desenvolvimento", confessou Bruna Maciel, outro membro do grupo. Mas, "quando a professora Paula Cruz nos apresentou o Rui Almeida, que está no ensino especial, e nos mostrou as dificuldades que ele tinha, surgiu então a ideia do projecto", acrescentou Filipa Machado.Rui Almeida sofre de paralisia cerebral, "tem dificuldades em segurar uma caneta e sempre que o tentava acabava por deixá-la cair, o que o deixava muito triste e frustrado", referiu Bruna Lopes.
O Rui utilizava um boneco esponjoso, mas não era eficaz. Por isso, as jovens criaram um adaptador feito com uma esponja dura."Tem o formato certo para o Rui agarrar e utilizar a caneta, a esponja é dura porque tem muita força e teria que ser de um material resistente", explicaram as responsáveis pelo projecto. No entanto, e como qualquer outra inovação, esta também passa por diferentes fases de desenvolvimento para a melhorar."Com o tempo percebemos que era preciso criar algo que evitasse que a caneta caísse. Criamos um aplicador que fica preso na caneta e também no pulso do Rui. Assim nunca cai ao chão", disse Bruna Maciel. O projecto da caneta especial ganhou o primeiro prémio do CATIM e foi apresentado no Europarque, em Santa Maria da Feira. Nessa mostra foram expostos trabalhos realizados nos centros tecnológicos de todo o país.
O trabalho das duas Brunas, da Filipa e do Ricardo foi eleito como o melhor projecto e recebeu o primeiro prémio, atribuído pelo Ministério da Indústria."Foram prémios em dinheiro, ao todo 950 euros, que dividimos entre nós e com o Rui, claro. Se não fosse ele não havia projecto nem prémios", contou Bruna Lopes.O plano da caneta não está, no entanto, concluído. "Estamos a tentar dar-lhe outra visibilidade, para que chegue a mais pessoas e temos contado com vários apoios", adiantou Paula Cruz , a professora que acompanhou sempre o trabalho.
"Já querem ir mais longe"O Rui utilizava um boneco esponjoso, mas não era eficaz. Por isso, as jovens criaram um adaptador feito com uma esponja dura."Tem o formato certo para o Rui agarrar e utilizar a caneta, a esponja é dura porque tem muita força e teria que ser de um material resistente", explicaram as responsáveis pelo projecto. No entanto, e como qualquer outra inovação, esta também passa por diferentes fases de desenvolvimento para a melhorar."Com o tempo percebemos que era preciso criar algo que evitasse que a caneta caísse. Criamos um aplicador que fica preso na caneta e também no pulso do Rui. Assim nunca cai ao chão", disse Bruna Maciel. O projecto da caneta especial ganhou o primeiro prémio do CATIM e foi apresentado no Europarque, em Santa Maria da Feira. Nessa mostra foram expostos trabalhos realizados nos centros tecnológicos de todo o país.
O trabalho das duas Brunas, da Filipa e do Ricardo foi eleito como o melhor projecto e recebeu o primeiro prémio, atribuído pelo Ministério da Indústria."Foram prémios em dinheiro, ao todo 950 euros, que dividimos entre nós e com o Rui, claro. Se não fosse ele não havia projecto nem prémios", contou Bruna Lopes.O plano da caneta não está, no entanto, concluído. "Estamos a tentar dar-lhe outra visibilidade, para que chegue a mais pessoas e temos contado com vários apoios", adiantou Paula Cruz , a professora que acompanhou sempre o trabalho.
As jovens que criaram a caneta especial que permitiu ao Rui alguma autonomia têm agora um outro objectivo. "Queremos levar o Rui a andar de avião e a visitar o Oceanário. Ele não tem meios para o fazer e gostávamos de lhe oferecer esse prémio", diz Bruna Lopes, confessando que não sabe como vai angariar apoios para realizar esse desejo do Rui. Ao lado, a professora Paula Cruz, que acompanha vários alunos da EB 2,3 do Cerco do Porto que necessitam de apoio especial, sorri e revela "que o projecto da caneta alterou toda uma turma. No início do passado ano lectivo muitos não tinham perspectivas de vida. Para uma visita de estudo de fim de período escolhiam um local próximo da escola, já conhecido, porque era perto e não seriam confrontados com olhares desconfiados por serem do Cerco (bairro social problemático do Porto). Hoje já querem ir mais longe".
in Jornal de Notícias, 29 de Janeiro de 2008